Blogue simples e personalizado, de conteúdo essencialmente literário, dando voz tanto a autores desconhecidos como veiculando autores célebres; com pequenos focos na música, pintura, fotografia, dança, cinema, séries, traduzindo e partilhando alguns dos meus gostos pessoais.
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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Açucena: CHAPTER VIII - 1ª Temporada - de Florbela de Castro



No dia seguinte, Miss Klaus surgiu pontualmente na sua carruagem para a ir buscar. Chegadas ao convento, elas entraram e percorreram os claustros. Após chegarem às traseiras do edifício, Philippe esperava-a acompanhado de um frade. Este último cumprimentou respeitosamente Miss Klaus e retiraram-se sem mais delongas.
Philippe, delicadamente retirou o capuz da sua capa e fez o mesmo ao de a Açucena, fitando-a nos olhos, intensamente. A mulher sentiu um arrepio perpassar-lhe todo o corpo, da cabeça aos pés. Silenciosamente o príncipe conduziu-a por uma pequena porta lateral, percorrendo vários corredores até a um compartimento de paredes nuas, unicamente com uma mesa, duas cadeiras e uma cama. Sentaram-se nas cadeiras. Philippe encarou-a profunda e continuamente; os dois contemplavam-se; enquanto Açucena não conseguia desviar-se quer dos belos olhos azuis quer dos seus lábios rosados e carnudos, enquanto ele engolia em seco.
Inesperadamente, Philippe tomou-a nos braços e beijou-a ardentemente. Açucena sentiu como uma descarga eléctrica percorrer todo o seu corpo; o beijo tocava-lhe até à alma. À medida que suas línguas se tocavam, sentiu também o homem estremecer mais que uma vez. O abraço dele tornou-se mais lânguido e masculino. Ela, um pouco assustada, tentou parar, mas ela própria não conseguia controlar o que sentia, rendendo-se aos encantos do seu amado.
O amor por Philippe abria-lhe o coração com violência; sentia que lhe pertencia desde sempre.
Num abrir e fechar de olhos, pegou nela, pousou-a na cama e despiu a parte cima do seu uniforme. A jovem mulher sentiu as pernas fracas, pois sabia o que aqueles gestos significavam, mas não conseguiu conter as suas mãos e numa troca de carícias se foram desnudando. Depressa, o alto e musculado homem, a possuiu com muito amor e paixão avassaladora. Açucena nem queria acreditar que pudesse haver tanto amor num acto daqueles.
Depois de a deitar em seu peito, Philippe fitou-a com um olhar que ela nunca vira antes.
-Amo-te tanto, meu amor! – Exclamou ele beijando-a mais uma vez. – És a mulher da minha vida, o sol da minha alma, a luz do meu olhar.
Açucena incrédula não cabia em si de extasiada, de felicidade.
Apaixonados, uniram novamente os seus corpos numa troca de promessas e juras de amor eterno. No final permaneceram quietos uns momentos, Philippe enlaçou-a com um braço e disse na sua voz grave mas suave:
-Foi maravilhoso. Há muito tempo que eu esperava por este momento. Sempre te amei. Estou feliz por finalmente ser correspondido. – E encostou a sua testa na dela.
-Eu também te amo muito…eu lutei contra o meu amor por ti…eu não estava preparada…nunca pensei que pudesses andar…fui cruel para ti… - A expressão de Philippe tornou-se dorida e engoliu em seco.
Ergueu-se vagarosamente e olhou-a do alto.
-Sim, foste cruel. Mas não foi por isso que deixei de te amar. – Tentou adoptar uma ar e atitude casual e desviando o assunto e o olhar, começou por contar todo o seu percurso durante estes sete anos.



Link da 7ª parte: http://artlira.blogspot.pt/2011/05/acucena-chapter-vii.html~
Link da 9ª parte: http://artlira.blogspot.pt/2011/07/edouard-abriu-os-olhos-vagarosamente-e.html


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Autor da Imagem: Feimo

Açucena: CHAPTER VII - 1ª Temporada - de Florbela de Castro



Açucena olhava para a sua imagem no espelho: usava um vestido de seda e gaze rosa velho, vaporoso e brilhante; o decote embelezava o busto e o colo era adornado por um maravilhoso colar de pérolas rosa. O cabelo encontrava-se preso, no alto, numa chuva de anéis por entre a tiara, igualmente de pérolas.
O aristocrata até recuou, imperceptivelmente, quando a encarou. Estendeu-lhe o braço concedendo-lhe a primazia para entrar no coche.
No pátio do palácio foram encontrar imensas carruagens, coches e liteiras. O paço real encontrava-se iluminado e engalanado. Pajens e criados encontravam-se junto às escadarias para receber as estolas e capas dos ilustres convidados.
O salão encontrava-se repleto de belas damas e gentis-homens vestidos em trajes de festa; alguns destes usavam uniformes militares.
Seguiu-se uma série de cumprimentos que incluíam a vénia e saudação ao casal real. Os reis receberam-nos com cortesia e algum afeto, felicitando-os pelo nascimento do rebento. Porém, ao olhar de águia do monarca não escaparam os olheirentos da duquesa e alguns vestígios de marcas roxas disfarçadas pela maquilhagem. Perguntou ao duque de Antigny o porquê daquelas marcas, ao que este respondeu, rapidamente, ter-se tratado de uma queda desastrada dela. O rei calou-se conjecturando em silêncio. Contudo foi interrompido por alguns nobre que lhe perguntavam pelo príncipe de Angelis.
Édouard aproveitou-se para voltar-se para Açucena apertando-lhe o pulso; sussurrou entre dentes instando-a ao silêncio. De seguida integrou-se num grupo de fidalgos que percorriam os corredores reais até à sala de jogos, onde já se formavam grupos para jogar.
A bela duquesa ficou como sempre abandonada no meio do salão. Esta decidiu recolher-se a um canto e aproximou-se de um dos balcões para tomar ar. Um mordomo acercou-se com uma bandeja e ela foi mordiscando algo. Algumas senhoras nobres entretiveram-na com breves conversas frívolas, às quais ela só prestou metade da sua atenção.
Apercebeu-se ao longe que o tal príncipe chegara e, pelos vistos, parte do baile era em sua honra. As damas riam-se em burburinho, suspirando e tagarelando o quão belo, poderoso e bom partido era aquele convidado real, que pelos visto não era ainda casado. Açucena encolheu os ombros esgueirando-se pelo salão como podia e evitando os casais que se formavam no centro para valsar. Quase se chocou com uma alta figura masculina de uniforme militar; ergueu o seu rosto a fim de se desculpar e ficou petrificada.
Na sua frente erguia-se um atlético homem, que rondava um metro e noventa e trinta e poucos anos; o seu rosto de traços másculos era quase dourado clarinho, de belíssimos olhos azuis expressivos e cabelos muito louros e escorridos.
Philippe!
Do rubor inicial, a bela mulher passou para a palidez e sentiu uma vertigem. Não podia ser! Os seus olhos pregavam-lhe partidas. Permaneceu hirta, gelado, de olhos esbugalhados. Um sentimento de amor trespassou-lhe o coração.
O belo homem fitava-a aparentando um semblante sereno, mas Açucena apercebeu-lhe os olhos marejados de lágrimas e uma névoa de mágoa toldar-lhe o olhar. O príncipe engoliu em seco enquanto o amor tomava conta do seu peito.
Alheios ao choque profundo daqueles dois seres, um aristocrata apressou-se a fazer as apresentações.
-Príncipe Philippe de Angelis, a duquesa Açucena de Antigny.
Articularam cumprimentos e vénias enquanto entre os dois se levantava um clima de embaraço. Philippe, para os salvar daquela situação convidou-a para dançar. Depressa se misturaram entre a multidão que dançava. Os dois não tiravam os olhos um do outro, num perfeito arrebatamento de amor. Açucena sentia-se nas nuvens: Philippe a andar! Mas como??
-Estás tão linda! – A voz do príncipe tão varonil soou apaixonada e embargada.
A duquesa sentiu-se desfalecer. Ele agarrou-a com mais força, apertando-a nos seus braços.
-Sim, sou Philippe.
-C…co...como? ... – Conseguiu articular ela, mas a voz morreu-lhe na garganta.
-Um milagre de Deus. – Respondeu-lhe como que adivinhando. – Recuperei a mobilidade, o vigor, a destreza e muito mais…Sempre fui príncipe mas o trono da minha família havia sido usurpado por uma família rival que conspirou contra nós.
A dama bebia-lhe as palavras fixando-se nos lábios dele. Imaginava-se a beijarem-se cheios de uma paixão avassaladora. Encontrou o olhar doce dele que perscrutava o seu rosto e sentiu-se ruborizar.
-Parece que te perturbei com a minha presença, o nosso encontro. Não sabia que produzia esse efeito em ti.
-Philippe…eu…pensei muito estes anos todos…eu sinto…eu nunca imaginei… - Titubeou ela e a voz morreu-lhe novamente na garganta.
No entanto os seus olhos gritaram ao homem louro o quanto ela o amava.
-PHILIPPE! – Soou uma estridente e feminina voz, um pouco alcoolizada. – Não sejas desmancha-prazeres! Já dançaste três valsas com a mesma dama.
E praticamente arrancou o nobre dos braços da duquesa. Pendurou-se no braço dele, segredando-lhe algo ao ouvido, com as mãos em concha.
O homem endireitou-se à medida que escutava e após breves momentos sério, afivelou um sorriso de circunstância, fez uma vénia de despedida e bailou com a desconhecida.
Açucena reparou então que alguns aristocratas a olhavam murmurando e disfarçando sorrisos. Por isso não teve outro remédio se não afastar-se e misturar-se com os demais.
Disfarçadamente ficou a observar ao longe Philippe com aquela mulher.
A duquesa fitou-a, analisando o seu porte. Os cabelos de Miss Klaus eram ruivos e longos, em perfeitos anéis, pendendo-lhe sobre o busto. Os seus olhos eram de um tom esmeralda reluzente e atractivos, a sua tez de um branco imaculado e angelical que contrastava num vestido de seda natural em verde água, evidenciando o corpo curvilíneo, sedutor.
O alto homem de uniforme, parecia divertir-se imenso com ela e ia deitando um olhar furtivo a Açucena. Esta sentia uma ponta de ciúme a tomar conta do seu coração.
A festa prosseguiu pela noite dentro. Porém o príncipe retirou-se cedo, alegando afazeres inadiáveis. Açucena teve de ficar à espera que o marido regressa-se da sala de jogos. Algo dentro dela lhe dizia para não revelar ao marido a verdadeira identidade do príncipe.
Édouard acabou por levá-la para casa sem saber ou ter conhecido o príncipe.
Na noite seguinte, a duquesa encontrava-se pronta para se retirar para os seus aposentos, quando surgiu Francine com um ar agitado e misterioso. Édouard havia-se deslocado novamente ao salão de jogos.
-Que se passa, Francine?
-Está aqui uma dama para a ver…
-Eu já vou, mas de quem se trata? – Indagou Açucena intrigada pelo adiantado da hora.
-Miss Klaus
O nome era-lhe completamente estranho. Esta desceu para o andar inferior, decidindo receber a ilustre desconhecida na sala de música; qual não foi o seu espanto quando se lhe deparou a mesma jovem que acompanhava Philippe no baile!
Uma ponta de ciúme invadiu novamente o coração da duquesa. A sua mente já fervilhava: “O que quererá essa mulher comigo? Pedir para afastar-me de Philippe?”
Só esta conjectura, causou uma dor no seu peito. Sentiu pânico. Talvez fosse melhor não receber a dama…sim…dar uma desculpa…porém, enquanto pestanejava atordoada com o que lhe assomava ao pensamento e coração, a jovem Evelyn vira-se.
Após os cumprimentos iniciais e de Evelyn ter aceite chá e bolinhos, Francine deixou-as. Então Miss Klaus abandonou o seu ar de circunstância e frívolo, adoptando um semblante grave.
-Venho aqui em nome do príncipe Philippe. – Confidenciou ela, num quase sussurro e enquanto Açucena a fitava confusa, Evelyn estende-lhe uma missiva. Por seu turno, o olhar de Evelyn, quase imperativo, instava-a a ler. A duquesa abriu a missiva e o seu coração pulou ao ver a letra de Philippe.
«Açucena, é necessário que nos encontremos. Temos muito que conversar. Vai ter comigo amanhã nos claustros do Convento.
Philippe»
Açucena olhou Evelyn perplexa. Esta como que lhe adivinhando os pensamentos, redarguiu:
-Sou amiga de Philippe e estou aqui para vos ajudar. Philippe ama-a e voltou por si, porque não a consegue esquecer. Vocês têm de se encontrar.
Açucena sentiu uma vertigem ao ouvir aquelas palavras e concordou debilmente. No resto do tempo, Evelyn explicou como conhecia Philippe e sua família. Por fim retirou-se dizendo que voltaria no dia seguinte.
Açucena deitou-se na sua cama voando com o pensamento. Philippe não a esquecera! Philippe amava-a! Philippe voltara por si! Todas estas afirmações gritavam comovidas no seu cérebro. Deu-se conta que sorria feliz, cheia de esperança. Finalmente as emoções venceram-na pelo cansaço. 




Link da 6ª parte: http://artlira.blogspot.pt/2011/05/acucena-chapter-vi.html
Link da 8ª parte: http://artlira.blogspot.pt/2011/05/acucena-chapter-viii_30.html


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Açucena: CHAPTER VI - 1ª Temporada - de Florbela de Castro



Édouard passeava impaciente pela ante sala dos aposentos da esposa. Apertava os lábios e mantinha o sobrolho franzido. Açucena já perdera duas crianças. Em parte por conta da sua brutalidade para com ela, mas também porque os rapazes não vingavam no ventre dela.
Apesar disso Édouard sofria porque ansiava um filho varão.
Açucena! Édouard era obsessivamente apaixonado por ela. Para ele, ela era tão desejável que todos os homens a cobiçavam e isso deixava-o louco. Não podia suportar nem admitir isso; pensar que ela podia gostar ou interessar-se por algum outro. Olhou para trás quando ouviu um choro de criança. O seu rosto iluminou-se. Pouco depois Francine aparecia com um embrulhinho e este olhou para o rosto vermelhusco do recém-nascido.
-É uma menina senhor duque. – Anunciou Francine quase num sussurro. E graças a Deus está muito bem…
Édouard fez um trejeito desinteressado e desiludido saindo desabridamente da ante sala e invadindo o quarto da esposa. Olhou-a sentindo piedade e ternura pela sua frágil figura, exausta pelo esforço. Porém fez tudo para afivelar um ar arrogante.
-Como…como estás?... – A sua voz grave soou mais suave que o pretendido.
A esposa olhou-o com a vista pesada, respondendo que estava bem e quase imediatamente adormeceu de cansaço. O homem mirou-a por uns minutos e inclinou-se beijando-lhe a testa; Fitou-a novamente, fascinado pela beleza dela e beijou-a nos lábios saindo de seguida dos aposentos.
~~*~~
Édouard entrou de rompante na divisão em que ecoava um choro de bebé.
-Alguém cala essa fedelha!?
Açucena acorreu pressurosamente e lesta ofereceu o seu seio ao minúsculo ser, que o agarrou avidamente sossegando. Édouard olhou para a cena enciumado.
-Nunca a largas! Estás sempre agarrado a esse bebé! – Resmungou contrariado.
-Se a largo ela chora. Ela é muito pequenina. – Redarguiu Açucena suavemente para o marido, mas beijando a bebé. – A nossa filhinha precisa de cuidados…
-Existem amas para cuidar dela! – Ele ripostou com veemência. – Eu quero-te ao meu lado a cuidar de mim! Além do mais logo vamos ao baile do Rei!
Esta e Francine encararam-no atónitas. Haviam tão poucas semanas que ela dera à luz e ainda não estava totalmente recuperada mas o fidalgo não estava com meias medidas para negociar. Necessitava da influência dos monarcas para minorar as suas dívidas.
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Autor da Imagem: Heise Jinyao