Blogue simples e personalizado, de conteúdo essencialmente literário, dando voz tanto a autores desconhecidos como veiculando autores célebres; com pequenos focos na música, pintura, fotografia, dança, cinema, séries, traduzindo e partilhando alguns dos meus gostos pessoais.
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quinta-feira, 28 de julho de 2011

A Lenda Lancelot e Guinevere



O personagem Lancelot, como membro especial da confraria de Artur, já era bem conhecido no século XII, e Loomis constatou que havia vestígios de sua origem no guerreiro galês Lluch Llauynnauc e na divindade irlandesa Lugh Lamhfada. No entanto é atribuída ao escritor suíço Ulrich von Zatzikhoven, na última década do século XII, a origem do nome Lancelot do Lago, retirado da tradução de um romance anglo-saxão extraviado. Lancelot era filho do rei Ban de Benoic, distrito da Britânia. Com a morte do pai, Lancelot foi levado pela Dama do Lago para seu palácio sub-aquático. Quando Lancelot completa quinze anos, sua mãe adotiva o equipa e manda-o para a corte de Artur.

 Ele luta em favor de Guinevere, mas não há nenhum adultério entre eles. Lancelot tem namoros casuais e por casa-se com uma esposa amável e fiel. O primeiro a escrever sobre Lancelot ser amante de Guinevere foi Chrétien de Troyes, que dizia que a história estava sendo ditada pela condessa de Champanhe, que também ditava o estilo. No início da história, Meleagant, um cavaleiro infiel, prende muitos dos súditos de Artur em Goirre, terra rodeada de água. Por fim, Meleagant captura Guinevere. Lancelot luta por sua rainha e no final, em um combate solitário, consegue a libertação dela e de todos os outros reféns. A história se parece com a que é contada por Caradoc de Lancafarn em Life of Saint Gildas, trabalho escrito antes de 1130, que relata que Guinevere teria sido capturada por Melvas (transfornado em Melleagant por Chrétien) e levada para a Ilha de Vidro (chrétien leu Goirre em vez de Voirre). Artur com um grande exército recrutado em Devon e na Cornualha sitia Melvas e salva Guinevere. Na versão de Chrétien, ele trocou Artur por Lancelot. Artur é apresentado como um homem de boa índole, benevolente, mas ineficaz, o que reduz drasticamente o seu poder. Isto se deve ao fato que a corte de Champanhe, onde Chrétien escreveu sua história, não estava interessada em atos heróicos contra bárbaros na Inglaterra, mas sim na vida que estava na moda, na qual o rei Artur necessariamente fazia o papel de marido traído.

 A traição de Lancelot e Guinevere é permissível, sem arrependimento entre os dois, é somente em Lancelot, do Ciclo Popular ou Ciclo Bretão, que Guinevere exclama: "Teria sido melhor para mim se eu nunca tivesse nascido". Foi aí, com Malory, que Lancelot foi chamado de o primeiro herói do romance moderno. Lancelot é um homem de grandes virtudes pessoais e profissionais, sem forças para resistir a uma paixão que por um longo tempo acredita ser mais ou menos incorreta e que, por fim, aceita ser complemente errada. Ele tem inimigos: alguns têm ciúmes, outros ficam indignados com a sua ligação com a rainha e é isso que acabará levando à guerra civil. Mas muitos o amam, não somente Guinevere o ama, mas Artur o ama também; não somente a donzela de Astolat, mas o irmão dela, Lavaine; os cavaleiros devotados a ele sentem uma admiração euma forte afeição pessoal. Apesar de não poder ver o Graal por causa do adultério, Lancelot apresenta grande caráter moral tanto no epsódio com Sir Urre quanto no da Donzela de Astolat. Lancelot vai competir em um torneio disfarçado, assim, para desviar as suspeitas, aceita uma prenda de Elaine. Vitorioso, mas ferido, é levado por Lavaine para um eremitério para ser curado. 

Gawain, sabendo da verdadeira identidade do cavaleiro, o revela para Elaine, que cuidava dia e noite dele. Bors vai ao encontro de Lancelot, ansioso e constrangido por tê-lo ferido, e pergunta: "Mas é Elaine que está interessada em você?". "É ela. Não posso afastá-la de mim" - diz Lancelot. "E por que deveria afastá-la? É uma bela donzela, de boa aparência e bem instruída, e vejo, pelos cuidados dela para com você, que ela o ama muito". A resposta de Lancelot é agourenta: "Isso me deixa arrependido." Quando está curado e pronto para partir, Elaine o pede por marido e ele diz que prometera nunca ser casado. Ela então pede para ser seu amante, ao que ele fica horrorizado e diz que nunca poderia fazer tal maldade com quem o tinha tratado tão. Ela diz então que nada resta senão morrer de amor. Para evitar isso, Lancelot promete a ela um dote de mil libras por ano e mais qualquer cavaleiro que ela escolha para se casar. Ele recusa todas as propostas, pois o que quer é ser somente sua esposa ou sua amante. "Bela donzela, por essas duas coisas tens de me perdoar" - respondeu Lancelot. Assim ela gritou e desmaiou. Durante nove dias, Elaine não comeu, bebeu ou dormiu. No décimo dia ela morreu. 

A carta que pedira para escrever para Lancelot estava em suas mãos e ela foi colocada em uma barca recoberta de tecido negro que desce até Winchester. Na carta estava escrito: "Nobre cavaleiro, Sir Lancelot, agora é com morte que eu disputo o teu amor. Os homens me chamavam de Bela Donzela de Astolat, mas eu te amava, e por esta razão a todas as damas faço meu lamento. Rezem por minha alma e por fim me enterrem. Este é meu último pedido. E tomo Deus por testemunha de que como donzela casta morri. Sir Lancelot, reza por minha alma, pois tu és sem igual." Mas o romance entre Lancelot e Guinevere não poderia ficar para sempre ignorado. Modred e seu irmão Agravaine passam a vigiá-lo e por fim encontram Lancelot desarmado na cama da rainha. Lancelot mata o primeiro do bando que o ataca e foge. A rainha é condenada à fogueira. É fora dos muros de Carlisle que Lancelot salva a rainha, já despida, só de camisola, prestes a ser levada para o poste. 

Corpo a corpo ele vai abrindo caminho e, sem saber, mata Sir Gaheris e Sir Gareth, irmãos do vingativo Sir Gawain. Ele leva a rainha para seu castelo de Joyous Garde, para onde partem Artur e Gawain em seu encalço. A disputa é resolvida por um combate entre Gawain e Lancelot, com vitória de Lancelot. Neste meio tempo, Modred havia raptado a rainha e planejava casar-se com ela e tornar-se rei. Artur parte então para lutar contra Modred, morrendo os dois no confronto. Guinevere, arrependida, entra para um convento e Lancelot também entra para uma ordem, onde, depois da morte de Guinevere, definha aos poucos até morrer.


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Lenda de Elsa e Lohengrin, o Cavaleiro do Cisne




Lohengrin é um personagem do Ciclo Arturiano. Filho de Perceval é  um cavaleiros da Távola Redonda enviado em um barco guiado por cisnes para resgatar a dama que não pergunta sua identidade. Sua história é uma versão da lenda do Cavaleiro do Cisne.

Lohenengrin aparece originalmente como Loherangrin, filho de Perceval e Brancaflor no poema Parzival de Wolfram von Eschenbach Loherangrin e seu irmão gêmeo Kardeiz reunem-se a seus pais no Munsalväsche quando Perceval torna-se o Rei Pescador; Kardeiz posteriormente assume as terras do pai, e Loherangrin permanece em Munsalväsche como cavaleiro do Graal. Membros desta ordem são mandados em missões secretas para fornecer nobres a reinos que perderam seus protetores, e Loherangrin é chamado para esta tarefa em Brabante, cujo duque morreu sem herdeiros. Filha do duque, Elsa teme que o reino seja perdido, mas Loherangrin aparece em um barco guiado por um cisne e oferece ajuda, com a condição de que Elsa nunca pergunte seu nome. Ele casa com Elsa e serve Brabante por anos, mas um dia a esposa faz a pergunta proibida. Por fim, Loherangrin explica sua origem e deixa as terras para nunca mais retornar, novamente guiado pelo cisne.



A história foi expandida no final do século XIII por um certo Nouhusius (ou Nouhuwius), que mudou o nome do personagem e associou o romance e seus elementos à história do Sacro Império Romano-Germânico. Sua linha segue tal como a de Wolfram, mas adiciona certos detalhes. Por exemplo, nela o questionamento de Elsa ocorre somente após alegações da antagonista, que espalha rumores de que Lohengrin não possui sangue nobre. No século XV a história é explorada novamente pelo anônimo Lorengel. Essa versão não inclui o tabu da pergunta ao protagonista, e no final Lorengel e sua princesa vivem felizes.

Em 1848, Richard Wagner adaptou a lenda em sua popular ópera Lohengrin, considerada a versão da história mais conhecida atualmente. Lohengrin aparece para defender a princesa Elsa da falsa acusação de ter matado seu irmão mais novo (que na realidade está vivo e reaparece no final da obra). De acordo com a interpretação de Wagner, o Santo Graal fornece ao Cavaleiro do Cisne poderes místicos que só podem ser mantidos se sua natureza permanecer em segredo, justificando o perigo da quebra do tabu da pergunta sobre seu nome e sua origem.

A história provavelmente se baseia no conto de fadas sobre sete irmãos perseguidos pela avó cruel e transformados em cisnes.
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terça-feira, 26 de julho de 2011

Lenda: Eros e Psiquê, um Amor Acima das Suspeitas







Psiquê era a mais nova de três filhas de um rei e era extremamente bela. Sua beleza atraia muitos admiradores que rendiam-lhe homenagens. Ofendida e enciumada, Afrodite enviou seu filho Eros para fazê-la apaixonar por alguém, assim todas as homenagens seriam apenas para ela. Porém, ao ver sua beleza, Eros apaixonou-se profundamente por Psiquê.


O pai de Psiquê foi consultar o oráculo de Delfos foi pois suas outras filhas haviam encontrado maridos e Psiquê permanecia sozinha. Manipulado por Eros, o oráculo aconselhou que Psiquê deveria ser deixada numa solitária montanha onde seria desposada por um terrível monstro. A jovem aterrorizada foi levada ao pé do monte e abandonada por seu pesarosos parentes e amigos.


Conformada com seu destino, Psiquê foi tomada por um profundo sono e conduzida pela brisa gentil de Zéfiro a um lindo vale. Quando acordou, caminhou por um jardim até chegar a magnífico castelo. Parecia que lá morava um deus, tal a perfeição em cada detalhe. Tomando coragem, entrou no deslumbrante palácio onde todos os seus desejos foram atendidos por ajudantes invisíveis.

À noite Psiquê foi conduzida a um quarto escuro onde pensava que encontraria seu terrível esposo. Quando sentiu que alguém entrava no quarto, Psiquê tremeu de medo mas logo uma voz acalmou-a e sentiu os carinhos de alguém. O amante misterioso embalou-a em seus braços. Quando Psiquê acordou, já havia amanhecido e seu misterioso amante havia desaparecido. Isso se repetiu por várias noites.


As irmãs de Psiquê queriam saber seu destino mas o amante misterioso alertou-a para não responder aos seus chamados. Porém Psiquê sentindo-se solitária em seu castelo-prisão, implorou ao amante para deixá-la ver as irmãs. Finalmente ele atendeu ao pedido, mas impôs a condição de que não importasse o que falassem as irmãs, ela nunca deveria tentar conhecer sua identidade, caso isso ocorresse, ela nunca mais o veria novamente. Psiquê estava grávida e ela deveria guardar segredo para que seu filho fosse um deus, porém se ela revelasse a alguém, ele se tornaria um mortal.


Quando suas irmãs entraram no castelo e viram tanta abundância de beleza e maravilhas, foram tomadas de inveja. Notando que o esposo de Psiquê nunca aparecia, perguntaram maliciosamente sobre sua identidade. Embora advertida por seu esposo, Psiquê viu a dúvida e a curiosidade tomarem conta de seu ser, aguçadas pelos comentários de suas irmãs.

Ao receber novamente suas irmãs, Psiquê contou-lhes que estava grávida e que sua criança seria de origem divina. Suas irmãs ficaram ainda mais enciumadas com sua situação, pois além de todas aquelas riquezas, ela era a esposa de um lindo deus. Assim, elas convenceram Psiquê a descobrir a identidade do esposo, pois se ele estava escondendo seu rosto poderia ser um horrível monstro.


Assustada com o que havia dito suas irmãs, Psiquê levou uma lamparina para o quarto decidida a conhecer a identidade do marido. Esquecendo os avisos do seu amante, enquanto Eros descansava à noite a seu lado, Psiquê aproximou a lamparina para ver o rosto do seu amante. Para sua surpresa, ela viu um jovem de extrema beleza e admirada não percebeu a inclinação da lamparina que deixou uma gota de óleo quente cair sobre o ombro de Eros.


Eros acordou assustado e voou pela janela do quarto dizendo: - "Tola Psiquê, é assim que retribui meu amor? Depois de haver desobedecido as ordens de minha mãe e tornado-a minha esposa, tu me julgavas um monstro? Vá, volte para junto de suas irmãs, cujos conselhos preferiste ouvir. Não lhe imponho outro castigo, senão de deixá-la para sempre. O amor não pode conviver com a suspeita." No mesmo instante o castelo, as belezas e os jardins desapareceram.

Inconsolável Psiquê passou a perambular pelos bosques tentando encontrar Eros novamente. As irmãs fingiram pesar mas elas também pensavam em conquistar Eros. Mas o deus vento Zéfiro, assistindo aquele fingimento, as lançou em um despenhadeiro. Resolvida a reconquistar o amor de Eros, Psiquê chegou ao templo de Afrodite. Porém a deusa impôs que ela cumprissemuitas tarefas antes de se encontrar com Eros.


Primeiro ela deveria separar os milhares de grãos de trigo, cevada, feijões e lentilhas que estavam misturados, um serviço que iria demorar toda vida para terminar. Psique ficouassustada diante de tanto trabalho, porém as formigas ajudaram psiquê e ela finalizou rápido a tarefa.


Na 2ª tarefa, Afrodite pediu lã dourada dos ferozes carneiros. Psiquê foi até as margens de um rio onde carneiros de lã dourada pastavam e estava disposta a cruzar o rio, quando um junco ajudou-a e disse-lhe para esperar que os carneiros dormissem, assim não seria atacada por eles. Psiquê esperou, depois atravessou o rio e retirou a lã dourada.


Na 3ª tarefa, Afrodite pediu água que jorrava de uma fonte da montanha. Porém ali havia um dragão que guardava a fonte, mas ela foi ajudada por uma águia, que voou baixo próximo a fonte e encheu a jarra. Vendo que Psiquê conseguia completar as tarefas, Afrodite impôs que ela descesse ao mundo inferior e pedisse um pouco da beleza de Perséfone e guardasse em uma caixa.


Psiquê não sabia como entrar no mundo de Hades estando viva e pensou em atirar-se de uma torre. Mas a torre murmurou instruções, ensinou-lhe como driblar os diversos perigos dajornada, como passar pelo cão Cérbero e deu-lhe uma moeda para pagar a Caronte pela travessia do rio Estige, advertindo-a: - "Quando Perséfone lhe der a caixa com sua beleza, não olhe dentro da caixa, pois a beleza dos deuses não cabe aos olhos mortais".


Seguindo as instruções, Psiquê conseguiu o precioso tesouro. Porém, tomada pela curiosidade, abriu a caixa para olhar. Ao invés de beleza havia apenas um sono terrível que dela se apossou. Eros voou ao socorro de Psiquê e conseguiu colocar o sono novamente na caixa, salvando-a. Lembrando-lhe que a extrema curiosidade pode ser fatal, Eros conseguiu que Afrodite concordasse com o seu casamento com Psiquê. Em pouco tempo, Eros e Psiquê tiveram um filho, Voluptas, que se tornou o deus do prazer.





O mito de Eros e Psiquê personifica o amor que pode ser lindo, mas jamais devemos querer conhecê-lo em sua profundidade e realidade, pois o amor também pode ser cruel, assim como Afrodite que personifica o amor. Psiquê em grego significa alma, personificando a ânsia que precede um relacionamento, mas o amor surge somente quando a alma está pronta para amar.


Quando Eros se apaixona por Psiquê, personifica a atração que surge entre duas pessoas que aos poucos pode tornar-se amor. Quando psiquê é levada ao castelo de sonhos e depois ao quarto escuro onde encontra seu noivo, sem poder vê-lo na claridade, personifica o estágio do estar apaixonado, de estar enamorado. Vemos nossa imagem refletida no outro e ele não está totalmente visível, o início de qualquer relacionamento é uma experiência fascinante.


Embora psiquê seja feliz, tenha tudo o que queira, personifica que o relacionamento promissor, porém há desconfiança e dúvida. As dúvidas de psiquê foram levantadas pelas irmãs invejosas e a coloca com a sensação de há algo errado. Todos nós temos essas irmãs traiçoeiras que habitam no lado sombrio de nossa personalidade nos forçando a explorar mais afundo e que exige mais honestidade com os outros. Personifica as nossas desconfianças e dúvidas em relação ao outro o que pode gerar traições.

Embora dolorosa, a traição quebra a cegueira da paixão mas significa ser mais autênticoconsigo mesmo. A traição de psiquê não ocorreu pela imprudência, mas pela necessidade de conhecer seu parceiro. Eros errou ao esconder sua real identidade de Psiquê e nenhum relacionamento, social, profissional, afetivo sobrevive quando há a ameaça: "não tente me conhecer verdadeiramente". A quebra da ordem dada pode trazer consequências, mas é a forma de se relacionar com a verdade de um relacionamento.


Psiquê é abandonada, seu marido desaparece assim como todo o castelo. Por meio da tragédia, descobrimos que a quietude e serenidade depois de uma crise em nossas vidas estão relacionadas a essa parte do mito. Os sonhos irreais e falsas expectativas do passado desaparecem para dar lugar a algo real. A nostalgia do passado pode voltar mas sempre haverá uma verdade. É o momento em que nos conscientizamos de que devemos fazer algo para alcançar um objetivo.


O confronto entre Psiquê e Afrodite, e as inúmeras tarefas a princípio impossíveis, retrata que todos os potenciais para o futuro estão presentes, mas que dependem de dedicação e esforço para compreender a si e ao outro. Simbolicamente formigas, torres, juncos e águias podem nos ajudar, assim como ajudaram Psiquê, entrando em nossas vidas como amigos, parentes e terapeutas, porém a árdua tarefa sempre pertence a nós mesmos.

Retirado do Blog: Mitologia Grega

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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sherezade e Shariar - As 1001 Noites





As Mil e Uma Noites (em árabe: كتاب ألف ليلة وليلة, transl. Kitāb 'alf layla wa-layla, "O Livro das Mil e Uma Noites"; em em persa: هزار و یک شب, transl. Hezār-o yek šab) é uma coleção de histórias e contos populares originárias do Médio Oriente e do sul da Ásia e compiladas em língua árabe a partir do século IX. No mundo ocidental, a obra passou a ser amplamente conhecida a partir de uma tradução ao francês realizada em 1704 pelo orientalista Antoine Galland, transformando-se num clássico da literatura mundial.

As histórias que compõe as Mil e uma noites tem várias origens, incluindo o folclore indiano, persa e árabe. Não existe uma versão definida da obra, uma vez que os antigos manuscritos árabes diferem no número e no conjunto de contos. O que é invariável nas distintas versões é que os contos estão organizados como uma série de histórias em cadeia narrados por Xerazade, esposa do rei Xariar. Este rei, louco por haver sido traído por sua primeira esposa, desposa uma noiva diferente todas as noites, mandando-as matar na manhã seguinte. Xerazade consegue escapar a esse destino contando histórias maravilhosas sobre diversos temas que captam a curiosidade do rei. Ao amanhecer, Xerazade interrompe cada conto para continuá-lo na noite seguinte, o que a mantém viva ao longo de várias noites - as mil e uma do título - ao fim das quais o rei já se arrependeu de seu comportamento e desistiu de executá-la.




A história conta que Xariar, rei da Pérsia da dinastia dos Sassânidas, descobre que sua mulher é-lhe infiel, dormindo com um escravo cada vez que ele viaja. O rei, decepcionado e furioso, mata a mulher e o escravo, convencendo-se por este e outros casos de infelidade que nenhuma mulher do mundo é digna de confiança. Decide então que, daquele momento em diante, dormirá com uma mulher diferente cada noite, mandando matá-la na manhã seguinte: desta forma não poderá ser traído nunca mais.


Passam-se assim três anos durante os quais o rei desposou e sacrificou inúmeras moças, trazidas à sua presença pelo vizir (equivalente a um primeiro ministro) do reino. Certo dia, quando já quase não havia virgens no reino, uma das filhas do vizir, Xerazade, pediu para ser entregue como noiva ao rei, pois sabia de um estratagema para escapar ao triste fim que alcançaram as moças anteriores. O vizir apenas aceita depois de muita insistência da filha, levando-a finalmente ao rei. Antes de ir, Xerazade diz à irmã, Duniazade ou Dinarzade, que lhe peça que conte uma história quando for chamada ao palácio do rei.


Xerazade, ao chegar em presença do rei, pede-lhe que permita a vinda de sua irmã, para despedir-se. O rei o permite, e Duniazade vem ao palácio e instala-se na câmara nupcial. Após o rei possuir Xerazade, Duniazade pede à irmã que conte uma história para passar o tempo. Após respeituosamente pedir a permissão do rei, Xerazade começa a contar a extraordinária "História do mercador e do gênio" mas, ao amanhecer, ela interrompe o relato, dizendo que continuará a narrativa na manhã seguinte. O rei, curioso com o maravilhoso conto de Xerazade, não ordena sua execução para poder saber o final da história na noite seguinte. Assim, repetindo essa estratégia, Xerazade consegue sobreviver noite após noite, contando histórias sobre os mais variados temas, desde o fantástico e o religioso até o heróico e o erótico. Ao fim de inúmeras noites e contos, Xerazade já havia tido três filhos do rei, e lhe suplica que a poupe, por amor às crianças. O rei, que há muito havia-se arrependido dos seus atos passados e convencido-se da dignidade de Xerazade, perdoa-lhe a vida e faz dela sua rainha definitiva. Duniazade é feita esposa do irmão do rei, Xazamã.









A mais antiga menção a um livro árabe das Mil e uma noites é um fragmento de um manuscrito do início do século IX em que se lê o título da obra e algumas linhas iniciais, em que Duniazade pede a um narrador não especificado que conte uma história.Mais dados sobre a existência deste livro e sua origem encontram-se nos escritos do historiador Al-Masudi (888-957), que se refere a uma coleção de contos fantasiosos traduzidos do persa, sânscrito e grego, incluindo-se entre eles um livro persa chamado Hazār afsāna ("Mil histórias" em persa) Segundo Al-Masudi, a coleção era conhecida como "As mil noites e uma noite" em árabe e contava a história de "um rei, seu vizir, sua filha Xerazade e sua escrava, Duniazade". A existência desta tradução do persa ao árabe é corroborada pelo bibliógrafo xiita Ibn al-Nadim (m. 995 ou 998), que menciona o livro em sua obra Fehrest (ou Fihrist), escrita em 987-988]. Ibn al-Nadim informa ainda que o livro possui menos de 200 contos, uma vez que cada conto ocupa mais de uma noite.









Manuscrito árabe utilizado por Galland em sua tradução das Mil e uma noites (séc. XIV ou XV).

Assim, uma versão árabe das Mil e uma noites, estruturada ao redor dos contos narrados por Xerazade para escapar da execução por Xariar, já existia no século IX e o núcleo de contos era derivado de uma tradução da obra persa Hazār afsāna realizada talvez no século VIII[5][3]. A história da traição do rei Xariar pela primeira mulher, que explica o comportamento do rei, não é mencionada por Ibn al-Nadim e provavelmente surgiu após o século X. Além da referência à tradução do persa ao árabe contida nos escritos de Al-Masudi e Ibn al-Nadim, uma evidência sobre a origem das Mil e uma noites é o fato de que os nomes dos personagens do prólogo são persas,[como Xerazade ("de nobre linhagem"), Xariar ("príncipe" ou "rei"), Duniazade ("à deusa dēn glorificada") e Xazamã ("rei do seu tempo"). Por outro lado, a estrutura do prólogo das Mil e uma noites, em que é contada a história de Xerazade e Xariar e que cria o marco narrativo do livro, seguidos por contos estruturados em cadeia, com histórias dentro de outras histórias, é comum na literatura indiana e pode ter sido influenciada por esta. Por exemplo, a coleção de contos em sânscrito Panchatantra, compilada entre os séculos III a V dC, também está organizada ao redor de um narrador, neste caso um sábio que conta uma série de histórias de animais para três príncipes.


Os contos que compõe as Mil e uma noites são de diversas origens e foram sendo acrescentados e suprimidos ao longo da história da obra, sendo alguns possivelmente originários da Índia, outros da Pérsia e outros do mundo árabe. As mais antigas referências à obra não mencionam quais contos compunham a coleção e, uma vez que os manuscritos com contos que chegaram até a atualidade são já do século XV, é hoje impossível saber quais eram os contos que compunham as primeiras versões das Mil e uma noites, inicialmente derivados da obra persa Hazār afsāna. Sobre o estado inicial das Mil e uma noites o único que se pode afirmar com certeza é que a história básica de Xerazade e Xariar, que unifica a obra, já estava presente desde o século IX.


Os estudiosos acreditam que os manuscritos das Mil e uma noites que existem atualmente são derivados de reelaborações realizadas entre os séculos XIII e XIV no Médio Oriente, à época dominado pelos mamelucos. O mais famoso e um dos mais completos e antigos dos manuscritos é o utilizado por Antoine Galland para sua tradução publicada em 1704. Este manuscrito em três volumes, originário da Síria e conservado hoje na Biblioteca Nacional de Paris (arabe 3609-3611), data de meados do século XV (alguns pensam que é do século XIV) e contém um total de 282 noites. Há ainda um pequeno grupo de manuscritos relacionados a este aos quais se dá o nome de ramo sírio dos manuscritos, todos terminando na noite 282 e deixando incompleto o Conto do Príncipe Camaralzaman e da Princesa Budura. Um grupo de manuscritos mais recente, e diferentes linguisticamente do ramo sírio, foi compilado entre os séculos XVII e XVIII e constitui o chamado ramo egípcio, por serem em sua maioria provenientes desta região. Estes manuscritos, compilados em parte para atender à demanda europeia de histórias das Mil e uma noites após o êxito da obra de Galland, chegou ao número de noites do título, ou seja, mil e uma. A compilação egípcia mais moderna - datada da segunda metade do século XVIII e base de muitas traduções e edições posteriores - é referida como ZER (Zotenberg Egyptian's Recension; edição crítica egípcia de Zotenberg) em homenagem ao estudioso Hermann Zotenberg, autor de importantes estudos sobre esses manuscritos no final do século XIX. O termo "ZER" também é utilizado como sinônimo para o ramo egípcio.





A primeira versão em árabe das Mil e uma noites, redigida no século IX ou no século anterior, foi uma tradução da obra persa Hazār afsāna, atualmente perdida. Pouco ou nada se conhece dos contos que faziam parte das primeiras versões em árabe, uma vez que estas são conhecidas atualmente apenas por pequenos fragmentos de texto e menções em outras obras e os manuscritos mais antigos da obra conservados atualmente datam já do século XV.


A primeira tradução a uma língua europeia foi realizada pelo orientalista francês Antoine Galland (1645-1715), que publicou entre 1704 e 1717 sua Mille et une nuits. A principal fonte para a versão de Galland foi um manuscrito sírio em três volumes, escrito em árabe, que terminava na noite 282 e não apresentava o final. Para completar a sua obra e aumentar o número de noites, Galland utilizou outros textos árabes, incluindo manuscritos egípcios (hoje perdidos) com os contos Príncipe Camaralzaman e a Princesa Budura e o Conto de Ganim. Galland também incorporou histórias que originalmente não se encontravam em nenhum manuscrito das Mil e uma noites conhecido. Uma é a história de Simbad o marujo, traduzida a partir de uma manuscrito árabe avulso. Outra fonte de Galland, segundo o próprio, foi um contador de histórias chamado Hanna Diab, um maronita de Alepo, que narrou-lhe contos como o de Aladim e a Lâmpada Maravilhosa e o de Ali Babá e os Quarenta Ladrões. Estes contos incorporados por Galland, e que aparentemente não formavam parte das Mil e uma noites original, tornaram-se extremamente populares e passaram a ser incluídos em manuscritos árabes e traduções europeias produzidas posteriormente.


Para os padrões atuais, Galland produziu uma tradução fantasiosa, mais uma recriação que uma tradução. Além das mistura de fontes para os contos, Galland omitiu e introduziu textos, alterou a fala de personagens e retirou os muitos versos poéticos dos originais. Além disso, Galland não explicitou com precisão que fontes utilizou para sua obra, o que dificulta seu estudo hoje. De qualquer forma, sua versão das Mil e uma noites foi imensamente popular e foi o ponto de partida para a influência da obra árabe no mundo ocidental e até mesmo na revalorização que os contos tiveram no mundo árabe.


Já no século XVIII o interesse despertado pela obra de Galland levou à busca de manuscritos mais "completos" das Mil e uma noites, uma vez que a fonte utilizada pelo francês terminava na noite 282. No Egito foram produzidas várias compilações de contos que eventualmente chegaram a abranger as 1001 noites do título, e baseados nestes manuscritos do ramo egípcio floresceram muitas edições e traduções ao longo do século XIX. Em língua árabe, a primeira edição impressa foi publicada em Calcutá em 1814-1818 (chamada Calcutá I), seguida de outras publicadas no Cairo em 1835 (Bulaq I), Calcutá em 1839-1842 (Calcutá II) e novamente Cairo em 1862 (Bulaq II). Com base nestas edições em árabe foram realizadas importantes traduções a línguas europeias, como ao inglês por John Paine (Londres, 1839-41), Edward Lane (1882-84) e finalmente Richard Francis Burton (Londres, 1885). A tradução deste último, chamada The Book of the Thousand Nights and a Night e publicada em 10 volumes, foi baseada em Calcutá II e tornou-se muito influente, além de escandalosa na Inglaterra vitoriana, uma vez que Burton, ao contrário de seu predecessor Paine, não censurou as cenas eróticas da obra e inclusive as enfatizou, enfrentando os costumes morais da época. Mais tarde, Burton publicou contos de outros manuscritos das Noites em um Suplemento publicado entre 1886 e 1888. 

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sexta-feira, 22 de julho de 2011

A Lenda de Brunilde e Siegfried




Siegfried era o Hércules da mitologia germânica.


Além de ser um super-homem, um semideus, possuía uma espada magica e invencível chamada Balmung. Sobre tudo isso, era o respeitado possuidor do tesouro dos Nibelungen (Nibelungos) povo de anões mágicos das montanhas que guardavam as minas e os tesouros enterrados. E ao vencer os Nibelungen, Siegfried apossou-se também do barrete encantado do duende Fafner, o qual dava a seu possuidor a faculdade de se tornar invisível.


Bem longe dali, além do vasto oceano, reinava no rico país da neve uma solitária rainha guerreira chamada Brunhilde. Sua extraordinária beleza já havia atraído para o reino diversos pretendentes reais. Mas a orgulhosa Brunhilde tinha decidido que só aceitaria ser esposa do homem que a vencesse num duelo a espada. E como tudo indicava não haver no mundo homem capaz de vencê-la, todos os seus pretendentes pagaram com a vida a ambição de desposá-la.


No fundo do coração, porém, Brunhilde desejava encontrar um guerreiro capaz de derrotá-la. E no sonho ela havia visto um homem poderoso, que um dia haveria de vir desafiá-la. De certa forma ela esperava ansiosamente esse dia.
Gunther, o ruivo rei dos burgúndios, era um dos pretendentes à mão de Brunhilde ainda vivos. Apesar de ser forte e bom guerreiro, sabia que normalmente não teria condições de enfrentar Brunhilde. Aconteceu, porém, que ele soube da existência de Siegfried, o conquistador do tesouro dos Nibelungen e possuidor da espada Balmung, o único homem no mundo capaz de vencer a indomável rainha do país da neve.


Chamado ao palácio real, Siegfried conheceu a loura Kriemhilde, irmã do rei, e por ela se apaixonou, pedindo-a em casamento. O rei, então, entrou com seu jogo: concederia a mão de sua irmã a Siegfried, desde que este o ajudasse a vencer a rainha Brunhilde. O herói concordou.


Tempos depois, o rei Gunther e sua comitiva, acompanhados de Siegfried, chegavam à Islândia, o país da neve, onde reinava Brunhilde.


Chegando a caravana ao palácio real, Siegfried adiantou-se e declarou à rainha Brunhilde o objetivo daquela visita: Gunther, o rei dos burgúndios, estava ali para pedi-la em casamento. Brunhilde reconheceu imediatamente em Siegfried o homem com quem sonhara e ficou decepcionada ao saber que o seu pretendente era outro. Mesmo assim, aceitou o desafio de Gunther e, pouco depois, mais formosa do que nunca, apareceu vestindo trajes guerreiros e armada de escudo e espada.


Diante da silenciosa e preocupada multidão de espectadores, teve início o duelo. Em pouco tempo, a superioridade de Brunhilde foi-se impondo.


Vendo que Gunther seria derrotado, Siegfried resolveu intervir. Tornando-se invisível ao colocar na cabeça o barrete mágico arrebatado do anão Fafner, foi ajudar Gunther. Então, de repente, os reis dos burgúndios adquiriu força e habilidade descomunais. Embora parecesse que era Gunther quem vibrava a espada, na verdade era Siegfried. E a orgulhosa Brunhilde teve de se confessar vencida, caindo aos pés de Gunther.


Assim, Brunhilde abandonou sua Islândia da neve eterna e foi ser a rainha de um outro reino, menos frio e mais aprazível, a terra dos burgúndios, aonde foi recebida com grandes festas e entusiasmo popular. Às margens do Reno foram celebradas com pompa as núpcias de Brunhilde e Gunther, ao mesmo tempo que as de Kriemhilde e Siegfried.





Brunilde

 Era uma das Valquírias, na mitologia germano-escandinava. O seu nome (Brunhild) significa "cota de malha de guerra", podendo também ser denominada Sigdrifa. Segundo a denominada Canção do Nibelungo ouNibelungenlied era a rainha da Islândia e vivia na fortaleza de Isenstein. O seu castelo estava rodeado de fogo e Sigurd salva-a, jurando-lhe amor eterno e dando-lhe um anel como testemunho.
Siegfried, sob efeito de um feitiço de Cremilde (princesa borgonhesa) que o fez esquecer o seu amor por Brunilde e casar-se com Cremilde, enganou Brunilde para que ela casasse com o rei da Borgonha, chamado Gunther. Quando Brunilde descobre que o seu amado Siegfried contribuiu para o seu casamento com o monarca, sentiu-se despeitada e conspirou com o seu cunhado Hagen para o matar. Este cravou-lhe a espada no ombro, único sítio que permaneceu vulnerável depois de Siegfried se ter banhado no sangue de um dragão que matou. No entanto, quando Brunilde o viu morto na pira, encheu-se de remorsos e cravou um punhal no coração. As duas piras funerárias foram então lançadas à água ao mesmo tempo, ficando os dois amantes juntos no Helheim, ou Inferno, para onde iam aqueles que não tinham morrido no campo de batalha.
O Nibelungenlied, poema épico medieval germânico, foi adaptado por Richard Wagner na ópera Der Ring des Nibelungen (O Anel dos Nibelungos).
É Wagner que pela primeira vez torna Brunilde numa Valquíria, filha do deus Odin e guardiã do Valhalla.
Há diversas versões da lenda de Brunilde, entre as quais osThidrekssaga (Saga de Thidrek) e os Völsungasaga (Saga dos Völsung).
Aparece também como a filha dotada de poderes sobrenaturais do rei Buthli e irmã de Bekkhild e de Átila, o Huno.
Nas variantes alemãs da história é Cremilde a protagonista e nas nórdicas é Brunilde.

Siegfried



É uma das personagens centrais da Saga dos Nibelungos ouNibelungenlied, conjunto de variadíssimas histórias que se entrelaçam e giram à volta de dois temas principais: a morte de Siegfried e a vingança de Cremilde ou Grimhild.

A figura de Siegfried foi por vezes considerada uma continuação da de Balder, sendo o episódio da sua morte baseada numa canção de gesta franco-borgonhesa dos séculos V e VI que relatava o casamento de um príncipe merovíngio com uma princesa da casa real da Borgonha.

É na Canção dos Nibelungos, passada para o papel em alemão cerca de 1200, que se encontram as primeiras menções escritas a Siegfried, assim como numa versão alemã de 1260 relacionada com a Saga de Thidrek e nos Velhos Edda de 1270 (vd. Mitologia Germânica e Nórdica).

A primeira versão da história de Siegfried conta que este é um príncipe franco desterrado da Baixa Renânia que chega à Borgonha, à corte dos príncipes Godomar, Gunther e Giselher, ganhando o favor destes com feitos heroicos. Tornam-se assim irmãos de sangue e oferecem-lhe a irmã Cremilde em casamento. Gunther vai com Siegfried e os seus irmãos ao castelo de Brunilde, para a pedir em casamento. Ela tinha feito voto de se casar apenas com o mais forte dos homens, e pensa que é Siegfried quem a quer desposar. Fica portanto admirada quando se apercebe que é Gunther o pretendente, e aceita casar com ele porque entretanto este tinha pedido a Siegfried que tomasse a sua forma para superar as provas, uma vez que ele não se sentia capaz. Siegfried põe entre ele e Brunilde uma espada na noite de núpcias, enquanto não chega Gunther.

Siegfried dá a Cremilde o anel que Brunilde lhe tinha dado, e quando as duas tiveram uma discussão no Reno, anos mais tarde, Cremilde mostrou-o a Brunilde. Esta sentiu-se ultrajada e culpa Siegfried do seu casamento falso com Gunther. Conspira então com um irmão do marido, Hagen (ou Högni) que não tinha participado no juramento de sangue e estava assim livre para matar Siegfried, desonrando os Borgonheses. Brunilde ri-se às gargalhadas quando ouve os gritos que Cremilde deu ao saber da morte do marido. Brunilde trespassa-se com uma espada para se juntar a Siegfried.

Esta versão é muito parecida à da Velha Canção de Sigurd, nos Edda.Apareceram entretanto outras versões que unificaram a história e forneceram características como por exemplo as do local da morte de Siegfried (no leito de núpcias ou no bosque).

Na Saga de Thidrek, influenciada pelos Völsungasaga, é combatendo com Brunilde que consegue que ela passe várias noites com ele, e não ultrapassando provas de força. Este estratagema provoca a vergonha de Brunilde e a censura de Cremilde e dos Borgonheses quando foi conhecido. A rivalidade entre as duas rainhas leva Brunilde a depositar o cadáver de Siegfried na cama de Cremilde.

Nos Völsungasaga ou Saga dos Völsunga, Siegfried já se tinha comprometido com Brunilde depois de a salvar de um anel de fogo e lhe dar um anel como testemunho do seu amor, tendo casado com Cremilde porque esqueceu Brunilde sob efeito de uma poção dada na corte da Borgonha.

Só no século XIX se começa a dar um tratamento dramático à história deste herói e a interligá-la com o Nibelungenlied.


http://ik12.vilabol.uol.com.br/conteudo/conto/historias/lenda_siegfried.htm
http://www.infopedia.pt/$siegfried
http://www.infopedia.pt/$brunilde,2
Sieglinde/Sigmund x Brünhilde/Siegfried
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A Lenda de Tristão e Isolda


Tristão e Isolda é uma história lendária sobre o trágico amor entre o cavaleiro Tristão, originário da Cornualha, e a princesa irlandesa Isolda (ou Iseu). De origem medieval, a lenda foi contada e recontada em muitas diferentes versões ao longo dos séculos.


O mito de Tristão e Isolda tem provável origem em lendas que circulavam entre os povos celtas do norte da Europa, ganhando uma forma mais ou menos definitiva a partir de obras literárias escritas por autores normandos no século XII. No século seguinte a história foi incorporada ao Ciclo Arturiano, com Tristão transformando-se em um cavaleiro da távola redonda da corte do Rei Artur. A história de Tristão e Isolda provavelmente influenciou outra grande história de amor trágico medieval, a que envolve Lancelote e a Rainha Genebra. A partir do século XIX até os dias de hoje o mito voltou a ganhar importância na arte ocidental, influenciando desde a literatura até a ópera, o teatro e o cinema.


Lenda



Tristão e Isolda é uma lenda medieval de origem céltica, que constitui uma das mais belas histórias de amor alguma vez concebidas. As primeiras versões escritas datam do século X. Os trovadores anglo-normandos de língua francesa e a rainha Leonor de Aquitânia contribuíram para a sua difusão na Europa.
Conta-se que Tristão ficou órfão, despojado injustamente da sua herança por vassalos de seu pai. Foi recolhido pelo tio, o rei Marco, da Cornualha, que o ajudou a tornar-se num cavaleiro da Távola Redonda. Tristão venceu a batalha contra o gigante Morolt, mas ficou gravemente ferido. Os seus ferimentos só poderiam ser curados pela magia da Rainha da Irlanda, grande inimiga do seu tio. Antes de se dirigir ao castelo da Rainha, Tristão disfarçou-se de músico, tomou o nome de Tãotris e tornou-se professor de música da princesa Isolda, a Loura. Tristão, já curado, matou um cruel dragão, em Weisefort, na Irlanda, e voltou para o castelo de seu tio Marco, a quem descreveu a beleza de Isolda com a qual o jovem tinha ficado impressionado.
O rei Marco ficou contente com as palavras do sobrinho, que o inspiraram a encontrar uma solução para acabar com a velha inimizade entre os dois reinos. Mandou, então, um emissário ao reino da Irlanda para que pedisse, em seu nome, a mão de Isolda. A Rainha da Irlanda concordou com o casamento e organizou um banquete. Para que nascesse uma paixão forte e duradoura entre Marco e Isolda, a Rainha mandou fabricar uma poção mágica do amor para lhes servir.
Durante o banquete, por descuido, os copos que tinham a poção mágica foram trocados e servidos a Tristão e Isolda, que se apaixonaram imediatamente. No entanto, a cerimónia do casamento entre Marco e Isolda prosseguiu. Tristão e Isolda, vivendo uma paixão incontrolável, decidiram encontrar-se às escondidas para viver o seu amor. Um dia, foram surpreendidos pelo rei Marco, que, magoado com a traição, os expulsou do castelo.
Os enamorados vaguearam durante muito tempo, sem qualquer ajuda, até que chegaram a um ponto de grande pobreza e debilidade física. Compadecido, Marco recolheu Isolda no castelo e enviou Tristão para bem longe, em França, onde este chegou a casar-se com uma outra jovem, filha do Duque da Bretanha, também chamada Isolda. A jovem, que era conhecida como Isolda, a das Mãos Brancas, nunca conseguiu ver retribuído o amor que sentia por Tristão e este nunca consumou o casamento, dado que continuava fiel ao seu primeiro amor. Passado algum tempo, Tristão ficou ferido noutra batalha e pediu à sua amada Isolda, a Loura, que tinha herdado os dotes mágicos de cura da Rainha da Irlanda, que viesse socorrê-lo. Combinaram então que, se o navio, que tinha enviado com o emissário, voltasse com velas brancas, a resposta de Isolda, a Loura, seria afirmativa; mas, se as velas fossem negras, ela não poderia vir. Isolda, a das Mãos Brancas, com ciúmes, resolveu vingar-se da indiferença do marido, dizendo-lhe que o navio tinha chegado com as velas negras porque Isolda tinha falecido durante a viagem. Tristão não suportou a perda de Isolda e morreu de desgosto. Quando Isolda, a Loura, encontrou Tristão sem vida, sentiu uma grande dor e morreu também de desgosto, abraçada ao corpo de Tristão. Foram enterrados lado a lado. Diz a lenda que das sepulturas nasceram duas árvores que cresceram entrelaçadas para que nunca fossem separadas.
Tristão e Isolda é também um drama lírico em três atos, com texto e música da autoria do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), publicado em 1865. O assunto é o da lenda medieval, acima referida. A música obedece a uma estrutura surpreendente que, através de um cromatismo muito vincado, dá expressão admirável à paixão, à ternura e à dor, sentimentos que dominam o desenrolar da ação.
Antecedentes Celtas

As primeiras possíveis referências aos personagens de Tristão e Isolda são encontradas em textos medievais em língua galesa como as Tríades Galesas, uma das quais se refere a um "Drystan filho de Tallwch" (Tristão) que cuida dos porcos de "March filho de Meirchyawn" (rei Marc, tio de Tristão) e se comunica com uma "Essylt" (Isolda), mulher de Marc. Lendas com argumentos semelhantes, mas envolvendo personagens com nomes diferentes, podem ser encontradas em alguns textos irlandeses medievais, como a lenda de Diarmuid e Gráinne contida no Ciclo Feniano. Apesar de essas referências ajudarem a estabelecer que a lenda de Tristão e Isolda teve origem entre povos de língua celta do norte da Europa, os poucos textos existentes tornam difícil saber exatamente como seriam as primeiras versões sobre o tema que circularam na Alta Idade Média.

Alguns autores acreditam que a lenda de Tristão e Isolda poderia ter sido influenciada por uma história persa do século XI, Vis u Ramin. Considera-se mais provável, porém, uma origem no folclore celta europeu e que a semelhança com contos persas seja um paralelismo.


Primeiras Obras Literárias


As obras literárias mais antigas sobre Tristão e Isolda que chegaram até hoje são fragmentos de dois romances em verso escritos na segunda metade do século XII em francês antigo. O primeiro deles, composto no período entre 1160 e 1190 por um misterioso autor chamado Béroul, apresenta uma história de caráter popular e violento, relativamente pouco influenciado pela estética do amor cortês medieval. A outra obra é Tristan, escrita por Tomás da Inglaterra cerca de 1170. Ao contrário da obra de Béroul, a versão de Tomás apresenta um Tristão perfeitamente integrado à estética "cortês" da época. É possível que as obras de Tomás e Béroul tenham se inspirado em um livro primordial celta, hoje perdido.


O grande poeta francês do século XII, Chrétien de Troyes, diz no prólogo de um de seus livros que escreveu uma obra sobre Tristão e Isolda. Essa obra, se é que foi realmente escrita, parece perdida atualmente.

Na mesma época, por volta de 1170, a poetisa francesa Maria de França escreveu um pequeno lai retratando um encontro secreto entre Tristão e Isolda e a dor da separação. No poema, Maria de França afirma que a história é intensamente contada e conhecida em seu tempo. Cerca de 1185, Eilhart von Oberg escreveu Tristant em alemão antigo, baseando-se provavelmente na versão de Béroul. Outro alemão, Gottfried von Straßburg, escreveu ao redor de 1210 outro grande romance em verso em língua alemã, nesse caso inspirado na versão cortesã de Tomás de Inglaterra. Essa mesma versão foi usada na tradução em prosa em língua nórdica antiga feita por volta de 1227 pelo irmão Roberto, escritor francês da corte norueguesa.



Tristão em Prosa

Entre 1230 e 1240 foi terminada uma grande prosificação da lenda de Tristão e Isolda, atualmente denominada Tristão em Prosa. Esse grande romance em prosa, de autoria anônima e escrita em francês antigo, tem uma primeira parte relacionada aos poemas de Tomás de Inglaterra e Béroul, mas depois mistura a lenda com o Ciclo Arturiano, transformando Tristão em um dos cavaleiros da távola redonda e retratando-o na busca do Santo Graal. Assim, o Tristão em prosa revela a influência da primeira prosificação das lendas do rei Artur, o chamado Ciclo do Lancelote-Graal, que havia sido terminado pouco antes (por volta de 1230), e que não inclui referências a Tristão. Mais tarde, a segunda grande prosificação do material arturiano, chamado Ciclo da Post-Vulgata, foi escrito com Tristão como cavaleiro da corte do rei Artur no livro da Demanda do Santo Graal.

O Tristão em prosa foi extremamente popular nos séculos seguintes, e fragmentos de diferentes manuscritos com distintas versões sobrevivem em várias línguas europeias. Importantes autores medievais como o italiano Rustichello de Pisa (Roman de Roi Artus ou Compilação, antes de 1270) e o inglês Thomas Malory (Le Morte D'Arthur, 1485) foram muito influenciados pelo Tristão em prosa.



Influências na Idade Média e Renascimento

Nos séculos seguintes, os primeiros livros sobre Tristão e Isolda continuaram a ser reelaborados, inspirando outros romances em prosa e poemas em vários países europeus. Em língua inglesa, o primeiro poema conhecido sobre o tema é Sir Tristem, composto por volta de 1300 inspirado na versão de Tomás de Inglaterra. Muito mais tarde, o Tristão em prosa francês inspirou Thomas Malory a escrever The Book of Sir Tristram de Lyones inserido em seu Le Morte D'Arthur, de 1485.

A lenda foi particularmente popular na Itália, onde inspirou muitas obras desde o século XIII ao XV, inclusive muitos poemas (cantari) destinados a serem recitados em praça pública. Dante retratou Tristão no segundo círculo do Inferno - lugar dos luxuriosos - em sua Divina Comédia.
Em alguns lugares da Europa a fama da lenda continuou durante o Renascimento. Na Espanha foi publicado em 1501 um Libro del caballero Don Tristán de Leonís que alcançou enorme sucesso, sendo reeditado repetidas vezes até os anos 1530, ganhando inclusive uma continuação. O dramaturgo alemão Hans Sachs publicou uma tragédia sobre o tema, Tristrant mit Isalde, em 1553. De maneira geral, porém, a lenda de Tristão e Isolda perdeu importância a partir do século XVI.



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Heather Parisi - Cicale (Fantastico 2)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Açucena: CHAPTER IX - 1ª Temporada - de Florbela de Castro


Édouard abriu os olhos vagarosamente e deparou-se com o tecto de vigas escuras e carcomidas. O braço e nu e feminino de uma mulher enlaçou-o. Olhou-a meio impaciente. Mulheres!
Interessavam-lhe para seu bel-prazer, mas após determinado tempo tornavam-se incomodativas. Charlotte não era excepção.
Ergueu-se com gestos bruscos fazendo menção de se vestir.
-Já vais? – A voz feminina soou magoada e os seus olhos enchiam-se de lágrimas. - … E as crianças?...
-Detesto este tipo de cenas! – Cortou Édouard agreste.
Já vestido foi secundado por ela até ao exterior onde, antes de montar no seu belo alazão, pegou no queixo dela e beijou-a.
-Quando puder, volto. – E sem mais delongas partiu a galope.
Charlotte era fascinada por Édouard. Este achava-a bela e satisfazia-lhe a ideia de que a tinha à sua inteira disposição, submissa e doce, completamente subjugada. Contudo, com ela não sentia o mesmo do que com Açucena, a sua bela esposa. Esta despertava-lhe o desejo de uma forma mais viva.
O duque sorria interiormente, comparando-as mentalmente e revivendo os seus momentos de luxúria com cada uma.
O sol subia no horizonte, causando canícula. O meio-dia acercava-se.
Passando por um riacho decidiu apear-se e lestamente despiu as suas vestes, pronto a entrar nas águas frescas e cristalinas do caudal. Parte do arvoredo descia quase tocando no purificador líquido, adornando as margens serpenteadas.
Entrou, mergulhou, sentindo-se imediatamente revigorado. Satisfeito deu umas braçadas fortes, mergulhando novamente e emergindo. No seu campo de visão desenhou-se o que ele julgou ser uma ninfa: cabelos cor de fogo e pele nimbada; a bela figura banhava-se como uma Afrodite nas águas.
A formosa jovem, que não era nada mais que Evelyn, que olhou  igualmente surpreendida a esbelta aparição masculina. A mulher não sentiu pudor de ser assim mirada por um homem desconhecido; o género masculino não a assustava nem a domava, pelo contrário. Quase imediatamente uma atracção brotou entre os dois, como uma força da natureza.
Édouard foi apanhado de surpresa por aquele novo sentimento; só gostava de Açucena; às outras mulheres achava-lhes graça, atraiam-no, mas tratava-as como joguetes. Mesmo Charlotte, que fora um pouco a excepção à regra, não conseguia segurar o duque estroina.
Os dois miravam-se fogosamente e quase ao mesmo tempo caminharam em direção um ao outro. Pararam, sustendo a respiração. A água escorria do corpo de Evelyn, tal como do corpo de Édouard, fazendo com que os seus corpos reflectissem as gotículas como cristais ao sol. Perplexo, este viu a ruiva desconhecida rodeá-lo com os seus braços e fundir-se num beijo profundo.
Mais do que o seu corpo estremecer, estranho foi o que sentiu no seu peito: Primeiro um aperto, um pulo, depois uma abertura, uma dor que se expandiu num bem-estar infinito. 
O que era aquilo?
Pela primeira vez Édouard sentiu algo de novo. 
Pela primeira vez Édouard olhou para o interior de uma mulher.      
E pela primeira vez sentiu que devia frear-se.
E freou-se. 
Docemente. Suavemente. 
Ela entendeu e sorriu.


Link da 8ª parte: http://artlira.blogspot.pt/2011/05/acucena-chapter-viii_30.html
Link da 10ª parte: http://artlira.blogspot.pt/2014/06/acucena-10-capitulo-2-temporada-de.html


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