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sexta-feira, 22 de julho de 2011

A Lenda de Tristão e Isolda


Tristão e Isolda é uma história lendária sobre o trágico amor entre o cavaleiro Tristão, originário da Cornualha, e a princesa irlandesa Isolda (ou Iseu). De origem medieval, a lenda foi contada e recontada em muitas diferentes versões ao longo dos séculos.


O mito de Tristão e Isolda tem provável origem em lendas que circulavam entre os povos celtas do norte da Europa, ganhando uma forma mais ou menos definitiva a partir de obras literárias escritas por autores normandos no século XII. No século seguinte a história foi incorporada ao Ciclo Arturiano, com Tristão transformando-se em um cavaleiro da távola redonda da corte do Rei Artur. A história de Tristão e Isolda provavelmente influenciou outra grande história de amor trágico medieval, a que envolve Lancelote e a Rainha Genebra. A partir do século XIX até os dias de hoje o mito voltou a ganhar importância na arte ocidental, influenciando desde a literatura até a ópera, o teatro e o cinema.


Lenda



Tristão e Isolda é uma lenda medieval de origem céltica, que constitui uma das mais belas histórias de amor alguma vez concebidas. As primeiras versões escritas datam do século X. Os trovadores anglo-normandos de língua francesa e a rainha Leonor de Aquitânia contribuíram para a sua difusão na Europa.
Conta-se que Tristão ficou órfão, despojado injustamente da sua herança por vassalos de seu pai. Foi recolhido pelo tio, o rei Marco, da Cornualha, que o ajudou a tornar-se num cavaleiro da Távola Redonda. Tristão venceu a batalha contra o gigante Morolt, mas ficou gravemente ferido. Os seus ferimentos só poderiam ser curados pela magia da Rainha da Irlanda, grande inimiga do seu tio. Antes de se dirigir ao castelo da Rainha, Tristão disfarçou-se de músico, tomou o nome de Tãotris e tornou-se professor de música da princesa Isolda, a Loura. Tristão, já curado, matou um cruel dragão, em Weisefort, na Irlanda, e voltou para o castelo de seu tio Marco, a quem descreveu a beleza de Isolda com a qual o jovem tinha ficado impressionado.
O rei Marco ficou contente com as palavras do sobrinho, que o inspiraram a encontrar uma solução para acabar com a velha inimizade entre os dois reinos. Mandou, então, um emissário ao reino da Irlanda para que pedisse, em seu nome, a mão de Isolda. A Rainha da Irlanda concordou com o casamento e organizou um banquete. Para que nascesse uma paixão forte e duradoura entre Marco e Isolda, a Rainha mandou fabricar uma poção mágica do amor para lhes servir.
Durante o banquete, por descuido, os copos que tinham a poção mágica foram trocados e servidos a Tristão e Isolda, que se apaixonaram imediatamente. No entanto, a cerimónia do casamento entre Marco e Isolda prosseguiu. Tristão e Isolda, vivendo uma paixão incontrolável, decidiram encontrar-se às escondidas para viver o seu amor. Um dia, foram surpreendidos pelo rei Marco, que, magoado com a traição, os expulsou do castelo.
Os enamorados vaguearam durante muito tempo, sem qualquer ajuda, até que chegaram a um ponto de grande pobreza e debilidade física. Compadecido, Marco recolheu Isolda no castelo e enviou Tristão para bem longe, em França, onde este chegou a casar-se com uma outra jovem, filha do Duque da Bretanha, também chamada Isolda. A jovem, que era conhecida como Isolda, a das Mãos Brancas, nunca conseguiu ver retribuído o amor que sentia por Tristão e este nunca consumou o casamento, dado que continuava fiel ao seu primeiro amor. Passado algum tempo, Tristão ficou ferido noutra batalha e pediu à sua amada Isolda, a Loura, que tinha herdado os dotes mágicos de cura da Rainha da Irlanda, que viesse socorrê-lo. Combinaram então que, se o navio, que tinha enviado com o emissário, voltasse com velas brancas, a resposta de Isolda, a Loura, seria afirmativa; mas, se as velas fossem negras, ela não poderia vir. Isolda, a das Mãos Brancas, com ciúmes, resolveu vingar-se da indiferença do marido, dizendo-lhe que o navio tinha chegado com as velas negras porque Isolda tinha falecido durante a viagem. Tristão não suportou a perda de Isolda e morreu de desgosto. Quando Isolda, a Loura, encontrou Tristão sem vida, sentiu uma grande dor e morreu também de desgosto, abraçada ao corpo de Tristão. Foram enterrados lado a lado. Diz a lenda que das sepulturas nasceram duas árvores que cresceram entrelaçadas para que nunca fossem separadas.
Tristão e Isolda é também um drama lírico em três atos, com texto e música da autoria do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), publicado em 1865. O assunto é o da lenda medieval, acima referida. A música obedece a uma estrutura surpreendente que, através de um cromatismo muito vincado, dá expressão admirável à paixão, à ternura e à dor, sentimentos que dominam o desenrolar da ação.
Antecedentes Celtas

As primeiras possíveis referências aos personagens de Tristão e Isolda são encontradas em textos medievais em língua galesa como as Tríades Galesas, uma das quais se refere a um "Drystan filho de Tallwch" (Tristão) que cuida dos porcos de "March filho de Meirchyawn" (rei Marc, tio de Tristão) e se comunica com uma "Essylt" (Isolda), mulher de Marc. Lendas com argumentos semelhantes, mas envolvendo personagens com nomes diferentes, podem ser encontradas em alguns textos irlandeses medievais, como a lenda de Diarmuid e Gráinne contida no Ciclo Feniano. Apesar de essas referências ajudarem a estabelecer que a lenda de Tristão e Isolda teve origem entre povos de língua celta do norte da Europa, os poucos textos existentes tornam difícil saber exatamente como seriam as primeiras versões sobre o tema que circularam na Alta Idade Média.

Alguns autores acreditam que a lenda de Tristão e Isolda poderia ter sido influenciada por uma história persa do século XI, Vis u Ramin. Considera-se mais provável, porém, uma origem no folclore celta europeu e que a semelhança com contos persas seja um paralelismo.


Primeiras Obras Literárias


As obras literárias mais antigas sobre Tristão e Isolda que chegaram até hoje são fragmentos de dois romances em verso escritos na segunda metade do século XII em francês antigo. O primeiro deles, composto no período entre 1160 e 1190 por um misterioso autor chamado Béroul, apresenta uma história de caráter popular e violento, relativamente pouco influenciado pela estética do amor cortês medieval. A outra obra é Tristan, escrita por Tomás da Inglaterra cerca de 1170. Ao contrário da obra de Béroul, a versão de Tomás apresenta um Tristão perfeitamente integrado à estética "cortês" da época. É possível que as obras de Tomás e Béroul tenham se inspirado em um livro primordial celta, hoje perdido.


O grande poeta francês do século XII, Chrétien de Troyes, diz no prólogo de um de seus livros que escreveu uma obra sobre Tristão e Isolda. Essa obra, se é que foi realmente escrita, parece perdida atualmente.

Na mesma época, por volta de 1170, a poetisa francesa Maria de França escreveu um pequeno lai retratando um encontro secreto entre Tristão e Isolda e a dor da separação. No poema, Maria de França afirma que a história é intensamente contada e conhecida em seu tempo. Cerca de 1185, Eilhart von Oberg escreveu Tristant em alemão antigo, baseando-se provavelmente na versão de Béroul. Outro alemão, Gottfried von Straßburg, escreveu ao redor de 1210 outro grande romance em verso em língua alemã, nesse caso inspirado na versão cortesã de Tomás de Inglaterra. Essa mesma versão foi usada na tradução em prosa em língua nórdica antiga feita por volta de 1227 pelo irmão Roberto, escritor francês da corte norueguesa.



Tristão em Prosa

Entre 1230 e 1240 foi terminada uma grande prosificação da lenda de Tristão e Isolda, atualmente denominada Tristão em Prosa. Esse grande romance em prosa, de autoria anônima e escrita em francês antigo, tem uma primeira parte relacionada aos poemas de Tomás de Inglaterra e Béroul, mas depois mistura a lenda com o Ciclo Arturiano, transformando Tristão em um dos cavaleiros da távola redonda e retratando-o na busca do Santo Graal. Assim, o Tristão em prosa revela a influência da primeira prosificação das lendas do rei Artur, o chamado Ciclo do Lancelote-Graal, que havia sido terminado pouco antes (por volta de 1230), e que não inclui referências a Tristão. Mais tarde, a segunda grande prosificação do material arturiano, chamado Ciclo da Post-Vulgata, foi escrito com Tristão como cavaleiro da corte do rei Artur no livro da Demanda do Santo Graal.

O Tristão em prosa foi extremamente popular nos séculos seguintes, e fragmentos de diferentes manuscritos com distintas versões sobrevivem em várias línguas europeias. Importantes autores medievais como o italiano Rustichello de Pisa (Roman de Roi Artus ou Compilação, antes de 1270) e o inglês Thomas Malory (Le Morte D'Arthur, 1485) foram muito influenciados pelo Tristão em prosa.



Influências na Idade Média e Renascimento

Nos séculos seguintes, os primeiros livros sobre Tristão e Isolda continuaram a ser reelaborados, inspirando outros romances em prosa e poemas em vários países europeus. Em língua inglesa, o primeiro poema conhecido sobre o tema é Sir Tristem, composto por volta de 1300 inspirado na versão de Tomás de Inglaterra. Muito mais tarde, o Tristão em prosa francês inspirou Thomas Malory a escrever The Book of Sir Tristram de Lyones inserido em seu Le Morte D'Arthur, de 1485.

A lenda foi particularmente popular na Itália, onde inspirou muitas obras desde o século XIII ao XV, inclusive muitos poemas (cantari) destinados a serem recitados em praça pública. Dante retratou Tristão no segundo círculo do Inferno - lugar dos luxuriosos - em sua Divina Comédia.
Em alguns lugares da Europa a fama da lenda continuou durante o Renascimento. Na Espanha foi publicado em 1501 um Libro del caballero Don Tristán de Leonís que alcançou enorme sucesso, sendo reeditado repetidas vezes até os anos 1530, ganhando inclusive uma continuação. O dramaturgo alemão Hans Sachs publicou uma tragédia sobre o tema, Tristrant mit Isalde, em 1553. De maneira geral, porém, a lenda de Tristão e Isolda perdeu importância a partir do século XVI.



Web site destas imagens

galeon.com
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