Blogue simples e personalizado, de conteúdo essencialmente literário, dando voz tanto a autores desconhecidos como veiculando autores célebres; com pequenos focos na música, pintura, fotografia, dança, cinema, séries, traduzindo e partilhando alguns dos meus gostos pessoais.
Sejam benvindos ao meu cantinho, ao meu mundo :)

domingo, 31 de agosto de 2014

"Lights of Green - New Earth" - Florbela de Castro


Autoria de Florbela de Castro
Pintado em acrilico
50x70cm
2014

Pode compartilhar livremente a obra desde que respeite os créditos. Todos os direitos reservados.

Açucena- 12º Capitulo - 2ªa Temporada - de Florbela de Castro



Philippe não queria saber duma versão melhorada de Edouard. Teimava em não querer acreditar, mesmo que lá no fundo soubesse que isso era verdade. Se ele acreditasse, a sua vingança pessoal poderia perder sentido.
Havia instalado Charlotte no seu palácio. Olhou-a com pena e preocupação. Ela havia-lhe contado a sua história o que deixara o príncipe apreensivo. Não sabia bem como ajudá-la.
Alguns dias passaram e ele cuidava da rapariga que recobrava as forças. Sentia-a um pouco órfã no mundo. Ela era novinha. Talvez tivesse vinte anos. Naquela noite ela chorara mais uma vez pelas traições de Edouard. Passou nos seus aposentos e vira a porta entreaberta e percebeu que ela adormecera vestida e a chorar. Suavemente e com gestos fraternos desapertou-lhe o corpete, procurando aconchegá-la. Charlotte entreabriu os olhos sorrindo ensonada.
- Que significa isto?? – Gritava Açucena completamente desvairada.
Surpreendidos os dois não tiveram reação. Açucena, alucinada, esmurrou o príncipe com as duas mãos. Este agarrou-lhe os pulsos com força enquanto ela se debatia. O resultado foi ela libertar-se num ímpeto, batendo com a cabeça numa mesinha. Tudo ficou negro e silencioso.
Quando começou a recuperar os sentidos Açucena, ouviu uma azáfama e vozes distantes. O dia raiava há muito por entre os reposteiros. Ao abrir os olhos foi mirada por caras estranhas, desconhecidas.
-Acordou. – Disse um homem careca e de bigode que tinha um monóculo. Outro homem alto e largo como um armário levantou-a sem cerimónia e sentou-a numa cadeira. O seu pé embateu num tecido volumoso. Olhou. Charlotte jazia no soalho com tez cinza e uma ferida enorme numa das fontes. De Philippe nem sinal.
- Desculpe-nos mas teremos de levar a menina até ao cárcere do rei para depois ser interrogada.
Açucena empalideceu e assustada quis fugir. O homem armário impediu-a pegando nela como quem pega uma trouxa leve.
Atordoada e sem querer acreditar no que lhe estava a acontecer, a duquesa viu-se a ser levada para a prisão real. Atirada para uma cela depois de despojada das suas jóias e vestido e enfiada numa túnica de serapilheira, agachou-se num canto. Nem meia hora depois voltava o homem do monóculo e o homem-armário. Agarraram-na sem cerimónia enquanto despejavam um grande balde de água fria em cima dela.
 - Onde está o príncipe de Angelis? Porque você assassinou esta jovem?
A jovem mulher quis protestar mas não a deixaram falar, esbofeteando-a violentamente. Prosseguiram assim por algum tempo que pareceu infindável para ela. Finalmente saíram.
Após longos momentos, talvez horas, em que a duquesa se perguntou do porquê desta situação, tentou relembrar o aparecimento de Charlotte em sua casa e o facto de Edouard as ter surpreendido.
Gerara-se um tremenda discussão entre a outra jovem e Edouard em que este perdera a paciência ameaçando Charlotte de a surrar. Fôra então que ela fugira.
Jamais esperara encontrá-la na casa de Philippe. Açucena gemeu dorida tanto por fora como por dentro. Não percebia o que se passava.
A noite já ia alta e a lua iluminava pelo quadrado gradeado quando o homem-armário voltou. Trouxe-lhe água. Hesitante ela aceitou. Ele acariciou-lhe o cabelo. Ela repudiou-o mas de nada adiantou. O homem rasgou-lhe a túnica e sem cerimónia penetrou-a enquanto lhe tapava a boca. Açucena gemeu de dor, enquanto lágrimas escorriam pelas faces. Humilhação suprema.
Dali em diante o homem armário aparecia à mesma hora e o ritual repetia-se. Açucena vivia aqueles momentos com repulsa e sacrifício.
Até que um dia em que o ritual se repetira, o homem estacou de repente com os olhos esbugalhados e caiu pesadamente a seu lado. Nas suas costas encontrava-se cravado um punhal. A figura dum guarda recortava-se na sombra da cela. Açucena não reconheceu nenhuma cara amiga.
- Com os cumprimentos do rei. – Anunciou o jovem homem com respeito. E saiu tão enigmaticamente como entrara. Açucena interrogou-se intrigada : “ O rei livra-me da violação mas não da prisão. Qual será o seu intuito?” Conjeturou: “ E onde estarão Philippe e Edouard que não apareceram? Nem mesmo Evelyn surgiu ou me veio tentar salvar!”
Não longe dali, três dias antes, os dois homens amordaçados tinham sido postos numa galera real para terras distantes.


Evelyn evaporara-se simplesmente.


Imagem de Phoenix Lu

Pode compartilhar livremente a obra desde que respeite os créditos. Todos os direitos reservados.

Açucena - 11º Capitulo - 2ª Temporada - de Florbela de Castro



Philippe passeava de mãos na cintura pela sala com ar preocupado enquanto Evelyn esfregava as mãos nervosamente.
- Não estava previsto no nosso plano apaixonares-te pelo Edouard! O intuito era destrui-lo.
- Sim… mas julgo que consigo transformá-lo…
Philippe parou de andar e olhou fixamente a amiga.- Acho isso pura ilusão! Não sei o que vocês veem nele!
- Estás com ciúmes?? – Ripostou Evelyn com vivacidade, logo semicerrando os olhos e voltando a falar mas agora em tom baixo e provocador: - Meus ou dela?
O homem loiro olhou-a intensamente, erguendo uma sobrancelha.
- De que falas?
- Do nosso caso, Philippe! – Não te faças desentendido!
- Caso?? O que se passou entre nós não foi um caso. Foram momentos de entreajuda… - Exclamou ele, rematando: - E já foi há muito tempo!
Evelyn soltou uma gargalhada – Estás com receio de relembrar o prazer que sentiste comigo? Quando chegaste às minhas mãos estavas um caco como homem. Sem amor-próprio e sem nada… E eu fiz-te vibrar de novo, fiz brotar em ti essa sensualidade que a tua querida Açucena tanto aprecia nos dias de hoje e que a faz suspirar quando estás em cima dela.
- Pára de falar essas coisas! Ok ajudaste-me muito e não só nesse sentido. Mas lembra-te que o que me trouxe aqui foi recuperar Açucena e vingar-me de Edouard!
- Sabes, há momentos em que duvido se realmente amas Açucena…Ou se é só o teu orgulho ferido…Ela é tão insossa e não sei o que tu e o Edouard viram nela.
- Ela desperta em mim algo que não sei explicar…É uma doçura tão grande! E por favor não me compares com Edouard! – Ripostou ele com a sua voz grave. – Estás aqui para me ajudar ou não??
- Estou. – Respondeu ela já mais séria – Pela honra da nossa Família pois ainda somos primos. Mas vamos ter de mudar os planos pois desejo manter Edouard para mim…Além disso o meu grã-ducado permite-me estar longe da tua vista.

Philippe suspirou pesadamente como resposta e saiu com largas passadas.
Saiu para a rua para respirar o ar frio da noite e pensar. Contra a sua vontade as lembranças dos momentos quentes com a prima voltavam-lhe à cabeça. Evelyn realmente sabia fazer um homem sentir um fogo vindo das entranhas e capaz de deixar qualquer um louco de paixão. Ele escapara desse sentimento de entrega pois conhecera já o amor da sua vida e fora ferido por ela, mas reconhecia os talentos de Evelyn. Estremeceu com as recordações e sentiu-se culpado pensando em Açucena. Fixou o seu pensamento nela e aos poucos o seu coração amansou dessa impressão culposa. Sorriu para os seus botões.
Nesse momento um vulto encapuçado deu-lhe um encontrão.
A cabeça de Charlotte ficou a descoberto, revelando uma expressão confusa num semblante pálido.
Instintivamente Philippe segurou-a, porém Charlotte, desnorteada, tentou livrar-se dos braços que a pareciam reter.
- Nada temais jovem senhora! – Afiançou o príncipe com voz tranquilizante. A mulher percebeu o seu porte distinto e acalmou-se. – Posso ajudar-vos?...
Charlotte abriu a boca para responder mas uma voz masculina soou feroz:
- Vós! Sempre no meu caminho, Philippe!
O alto e louro homem assumiu uma atitude defensiva enquanto a mulher se escudava nele.
- Edouard! Que podereis querer desta jovem dama??
- Nada que vos diga respeito! Afastai-vos Príncipe de Angelis!
Mas Philippe permaneceu à sua frente com o sobrolho carregado.
- De Angelis, deixai-me resolver os meus assuntos com essa dama! – Instou Edouard contendo a sua impaciência e esforçando-se por ficar calmo mas firme.
- Duvido das vossas boas intenções! – Exclamou o príncipe com impetuosidade. – Sei bem como eréis violento com Açucena!
- Não tem nada a ver com isso este assunto! – Mastigou Edouard impaciente. Mas Philippe não lhe deu ouvidos e saiu correndo e levando Charlotte, deixando o duque desorientado.

Imagem da autoria de Phoenix Lu 
Pode compartilhar livremente a obra desde que respeite os créditos. Todos os direitos reservados.

sábado, 30 de agosto de 2014

CAVALEIRO - de Peter Lee Dolphein


Sim,
Soube que o querias
Em aconchego confessar
Que me Amas.

Vi,
Que era Verdade
Esse teu Sentimento
Em lágrimas
Lavado e apascentado
Como uma ovelha
Tresmalhada e sofredora.

Hoje,
É a Noite em que
Poderás dar e Sentir
Essa tortuosa Sensação,
Essa dorida Paixão
Em teu corpo sedento
Por um carinho meu.

Poderás vir, então
De Coração aberto
E sem Armadura
Pois esta Noite jurei
Ser para sempre
O teu brilhante
E Poderoso Cavaleiro
Que te espera
Para te Amar.

Author: Peter Lee Dolphein
Braga/Portugal----------09/05/2012

Autor ©: Peterleedolph , Braga 09/05/2012

AMIGA ESPERANCA - de Peter Lee Dolphein


Sei que ainda esperas
Pelo sol que sonhas-te
Sei que há um sonho
Dentro de ti esperando.

A madrugada que persiste
No teu mais profundo ser
Desperta aos poucos e viverás
Em luz transbordante de viver.

Gosto da maneira como olhas
O presente que outros,
Futuro chamam
Com desdém e desilusão
Tentando vender a extinção do Amor

Acredito que não desistirás!
Até agora não o fizeste
Pois tal como eu
Acreditas e esperas
O reino que há-de vir.

Florescendo em Amor
O dia de amanhã
Por Deus abençoado.

Autor ©: Peterleedolph , Braga 20/01/2007

ADORADA- de Peter Lee Dolphein


Esta manhã
O orvalho beijou docemente
As folhas do meu pomar.

O Sol aqueceu com ternura
As tuas pegadas na relva
E eu bebi com prazer
O café que antecede
A tua chegada gloriosa.

Senti um cheiro a Mar
Vindo do teu regaço
E quando me beijaste
Recordei o sabor
Da laranja fresca à tardinha.

Sabes bem que não posso viver sem ti.

Andei dúzias de anos à tua procura
E os Deuses castigaram-me
Para me fazer entender
Que o Amor é precioso demais
Para loucamente se esbanjar.


Autor ©: Peterleedolph , Braga 18/6/2005
Publicado No Jornal "Tribuna Pacense" em 18/7/2005
Publicado No Jornal "O Valenciano" em 16/8/2006

AMANDO! - de Peter Lee Dolphein


Queria
Dizer-te que
Sinto a tua falta.

Queria
Tanto
Sentir o teu olhar
Uma vez mais
E sentir
Que ainda me queres.

Será possível,
Partir sem ficar?
Será possível
Amar
E não sofrer assim
Sabendo que
Ainda não terminou
A nossa História?

Dei voltas
Ao meu pensar,
Questionei o meu Amar
E no fim de tudo
Só encontro
O teu nome
Gravado a Fogo
No meu Coração,
Na minha Alma
Que suspira
Em vão,
tentando esquecer
O que não pode
Nunca ser esquecido...
TU!

Author: Peter Lee Dolphein
Braga/Portugal-----17/07/2012


Autor ©: Peterleedolph , Braga 17/07/2012

domingo, 24 de agosto de 2014

"Pirâmide no Oceano -



Tela em acrílico
25x30cm
Autoria de Florbela de Castro
2014
Todo os direitos reservados.
Pode compartilhar livremente a obra desde que respeite  os créditos.

sábado, 16 de agosto de 2014

WHY? - Peter Lee Dolphein


Pergunto-me
Tão somente
O porquê
De Te querer tanto.

Procuro simplesmente
A Razão
De Te amar tanto.

E quando estou quase lá
Vem o Calor,
Vem a Emoção
De Te saber minha
De todo o Coração
Com tanto Amor
Que igual não há.

É Verdade
Que às vezes dói
É Verdade
Que tambem estás lá,
Quando a escuridão teima
E quando a Luz brilha
Porque ambos estamos ligados
Nesse Sol que arde em nós...
Esse Sol a que chamamos Amor.

Author: Peter Lee Dolphein
Braga/Portugal-------07/06/2011

Autor ©: Peterleedolph , Braga 07/06/2011

ACREDITAR - Peter Lee Dolphein


Esse teu Olhar
Tão Profundo e tão Quente
Possui
Num Segundo
E torna-me Crente.

A Luz do teu Ser
Que Ama e que Sente
Traz em ti Poder
E em mim
Amor Presente.

Sim, é Verdade...
Eu não acreditava.
Sim, é Amor
O que eu não sabia
E o que em mim
Desde Sempre
Habitava.

Vem,
Vem e traz-me
Esse teu Calor.
Vem e dá-me
Esse teu Ardor
Num Mundo em que eu
sentia muita Dor
E agora acredito
Que tambem pode
Sempre
Haver Amor.

Author; Peter Lee Dolphein.
Braga/Portugal......24/10/2013

Autor ©: Peterleedolph , Braga 24/10/2013

Acordar -Peter Lee Dolphein



O sonho a acabar
Desvanecer da névoa ilusória
Torpor transitório e começas a abrir os olhos.

É dia outra vez
Medes a força e tentas mexer-te.
A primeira impressão é avassaladora
Tudo é equacionado.

Então surge a vontade
A vontade de acordar e mexer.
Começas a modificar,
Tomas a atitude...
Estás a acordar.


Autor ©: Peterleedolph , Braga 04/02/2005
Publicado No Jornal "Tribuna Pacense" em 4/2/2005

A NOITE - por Peter Lee Dolphein


À noite
Os sons aumentam.

À noite o luar estremece-me a pele
E a minha licantropia existencial
Enlouquece-me
Uivando à lua
Do teu Amor
Porque à noite é quando o vento
Sopra o teu nome.

Porque à noite
As estrelas choram por ti
E não há coração que aguente
Tamanha saudade de ti.

À noite chamo por ti
E sinto que as cigarras
Cantam em coro
A minha paixão.

À noite
O sono não vem
E a paixão cresce
Nos nossos corpos suados e exaustos
Porque tu e eu pertencemos um ao outro
E pertencemos também
A essa Noite
Que existe porque ambos nos perdemos
Um para o outro,
À NOITE ...
Quando tudo o demais já perdeu significado
Para Nós...
Completamente anoitecidos.

Autor ©: Peterleedolph , Braga 29/1/2007